O profissional da instalação
O profissional que trabalha com instalação de pisos de madeira deve se preparar, adquirindo conhecimento sobre o material madeira, as ferramentas indispensáveis, os detalhes técnicos e também os produtos e insumos adequados a cada situação.
Buscar conhecer sobre as possíveis bases para assentar o piso de madeira e obviamente, saber avaliar as condições deste, de maneira a orientar o consumidor quanto às condições do contrapiso e prováveis problemas, caso o proprietário/responsável da obra opte pela instalação do piso.
O bom profissional pode adiar o início da obra ou até mesmo parar nos casos em que evidenciar um problema grave no conjunto, seja na madeira ou no contrapiso.
É muito importante que todo profissional se proteja de ruídos, ferramentas e acidentes em seu trabalho, regra básica também para os trabalhadores da área de pisos de madeira. Portanto, todo profissional deve utilizar o EPI (Equipamento de Proteção Individual) necessário às suas atividades, evitando possíveis danos à sua saúde.
Para o trabalho com a instalação e acabamento de pisos recomenda-se utilizar luvas, protetores auriculares, óculos e máscaras conforme a etapa de instalação. O uso de um calçado de segurança é obrigatório em todas as etapas. Já o capacete deve ser indicado pelo responsável da obra ou estágio do trabalho.
O profissional ideal é aquele que busca conhecimentos e atualizações das técnicas e produtos, que protege a si e também aos seus colegas de trabalho.
No momento da escolha do profissional, o consumidor deve verificar as referências e a experiência do profissional, assim como visitar alguma(s) obra(s) executada(s) pelo instalador, tendo maior garantia da qualidade do serviço a ser efetuado.
O consumidor também pode procurar por profissional credenciado por uma empresa fabricante, revendedora, distribuidora que trabalhe com a comercialização de pisos de madeira e, de preferência, que dê garantia por escrito do trabalho executado.
Instalação
A instalação do piso só deve ser iniciada após o término de outras etapas da obra, principalmente etapas que envolvam serviços que utilizam água (gesso e acabamento com massa), bem como instalação de portas, janelas e vidros, e conclusão de ligações hidráulicas e banheiros, para evitar que a madeira absorva umidade e ocorram danos ao piso de madeira.
Como já foi visto anteriormente, existe uma grande variedade de pisos de madeira. Cada tipo de piso requer uma forma de instalação de acordo com suas dimensões.
É importante que o instalador, em conjunto com o proprietário ou responsável pela obra, façam a análise e definição da estética do piso e consequentemente a forma de instalação. O objetivo é conquistar o aspecto estético desejado ou projetado.
Vale ressaltar que a sequência de instalação descrita a seguir é uma roTIna genérica que é indicada para a maioria dos tipos de pisos e que, quando necessário, deve ser adequada à situação.
1º Passo: Limpeza do contrapiso
Para limpeza do contrapiso, com o objetivo de remover materiais grosseiros aderidos à superfície, utiliza-se espátula de metal para retirada de restos de massa corrida (imagem à esquerda).
No caso de restos de massa de cimento utiliza-se marreta e talhadeira ou picão, finalizando com vassoura para remoção destes restos (imagem à direita).
Em caso de materiais de gesso aderidos ao contrapiso, deve ser feito o lixamento com máquina.
2º Passo: Impermeabilização
Em determinadas situações, onde a impermeabilização não foi efetuada pelo responsável da obra, mas é considerada importante por se tratar de área de risco para absorção de umidade, pode ser utilizado produto específico, encontrado no mercado.
Existem vários tipos de impermeabilizantes para etapas distintas da construção. Porém, deve-se buscar o produto e o processo de aplicação mais adequado à situação, sempre solicitando a avaliação de um técnico ou do fornecedor, a fim de obter a garantia de que não ocorra problema em futuro próximo.
A seguir são descritos alguns exemplos de impermeabilização de contrapiso para pisos térreo e superior.
Na Figura abaixo é apresentado um contrapiso construído sobre piso térreo e que recebeu a aplicação de impermeabilizante. O produto pode ser aplicado sobre o contrapiso utilizando uma espátula sem “dentes” e rodo. Deve-se também aplicar o impermeabilizante na parede, até a altura do rodapé, inclusive protegendo-o. Esse tipo de impermeabilização é ideal para pisos fixados somente com adesivo PU (cola) e conforme a recomendação do fabricante.
Em construções residenciais novas, geralmente a impermeabilização é realizada com produtos específicos no concreto antes da execução do contrapiso. Mais raramente são utilizados produtos como manta asfáltica e barreiras de vapor.
Existem casos em que não é necessária a impermeabilização do contrapiso, geralmente aqueles construídos em pisos superiores (Figura 2).
Adicionalmente, é recomendável a aplicação de impermeabilizantes nas interfaces entre os pisos de madeira e as áreas úmidas, evitando-se o contato entre a água líquida e os pisos de madeira.
Quando for feita a fixação por perfuração diretamente no contrapiso, deve-se cuidar para não ultrapassar a profundidade de onde foi aplicado o produto impermeabilizante.
Entretanto, se ocorrer perfuração da camada de impermeabilização, deve ser utilizado produto impermeabilizante específico para as aberturas onde são fixados os pregos e/ou parafusos. Convém consultar o responsável pela impermeabilização e fabricantes de produtos para cada situação.
3º Passo: Instalação propriamente dita
a) Por colagem
– Aplicação do adesivo
Como existem diversos adesivos no comércio, para a preparação e aplicação recomendase seguir as orientações e cuidados do fabricante para não prejudicar a fixação do piso de madeira e não perder a garantia do produto.
A aplicação do adesivo normalmente é feita com espátula dentada de plástico ou de metal (Figura 1). O adesivo deve cobrir todo o contrapiso onde será instalado o piso de madeira, garantindo assim a sua fixação (Figura 2). A quantidade a ser aplicada por m² deve ser determinada conforme as recomendações do fabricante.
A aplicação e distribuição do adesivo não devem ser feitas com instrumentos improvisados (como garrafas PET – Figura 3), pois estes não permitem uma distribuição uniforme e nem respeitam a quantidade requerida pelo fabricante.
A figura acima demonstra a falta de distribuição correta do adesivo, onde certas peças devem receber um pouco mais de adesivo, mas outras estão prejudicadas pela falta de cola.
– Fixação das peças
Cada peça deve ser acondicionada sobre a superfície com o adesivo, encostando nas laterais e topos, evitando frestas ou espaços entre todas as peças, sistema comum para piso do tipo taco e parquet (Figura abaixo).
Para alguns pisos finos, pode ser necessária a utilização de pesos sobre as peças e fitas adesivas para melhorar a sua fixação.
b) Por adesivo e pregos/parafusos (fixação mista)
Nesta instalação são utilizados dois materiais para a fixação das peças do piso. São eles: o adesivo e o parafuso com bucha ou prego em base de madeira. A distância entre os parafusos/pregos deve ser de aproximadamente 40,0cm, conforme demonstrado na Figura a.
A forma de aplicação do adesivo deve ser feita primeiro e conforme apresentado no item anterior (a).
No caso de piso de madeira pronto, ou seja, já envernizado, logo após sua instalação deve-se passar pano limpo, levemente umedecido com solvente adequado, a fim de retirar cola respingada e outras sujeiras caídas sobre o piso (Figura b).
c) Com pregos ou parafusos
Em assoalhos com larguras maiores que 9,5cm e comprimentos grandes, é aconselhável fazer a instalação através de pregos ou parafusos, para garanr a fixação destes à base, que normalmente é sobre barrotes, também chamados de granzepes, conforme a região.
A instalação dos barrotes deve ser feita com madeira de alta densidade e resistência e em espaçamentos regulares (Figura abaixo), condizentes com a largura do piso e o desenho de instalação.
Para amenizar efeitos sonoros indesejáveis ou auxiliar no amortecimento de esforços na superfície do piso de madeira sobre o barrote, podem ser usadas peças de borracha ou EVA entre o barrote e o contrapiso de cimento ou na outra situação entre o barrote e o piso de madeira.
A instalação do barrote deve ser cuidadosa para não danificar a camada de impermeabilização do contrapiso, quando existir, uma vez que o barrote sempre deve ser fixado através de parafuso e bucha inserida na base.
A colocação do elemento fixante para o piso de madeira é diretamente correspondente a largura deste, ou seja, em peças até 12cm pode se utilizar apenas prego no encaixe macho. Porém, acima desta medida é mais aconselhável utilizar parafusos, de preferência na superfície.
Nunca se deve utilizar pregos na superfície de um piso de madeira. Este procedimento só deve ser feito em partes do piso sem movimentação de pessoas, com prego espiralado, aplicado diagonalmente. Devem ser tomados todos os cuidados para evitar que o prego saia da madeira e não cause acidentes com pessoas no ambiente.
Nas peças com maior largura deve-se colocar dois parafusos (lado a lado) como mostra a Figura abaixo, espaçados entre 30 ou 40cm, conforme a distância dos barrotes. Este procedimento visa garantir a amarração das réguas do piso quando houver alta variação na umidade relativa do ar ou do contrapiso de cimento.
Encerrada a instalação dos parafusos nas réguas de assoalho, procede-se finalmente a colocação das cavilhas sobre todos os parafusos. Para maiores informações na fixação das peças e colocação da cavilha.
4º Passo: Instalação do rodapé
A colocação do rodapé tem a função de encobrir a junta de dilatação e fazer o acabamento entre o piso e a parede. Portanto, a escolha do modelo, espessura e material deve ser feita de acordo com a estética que se deseja, mas também com a abertura que se deve fechar (junta de dilatação).
Além de proteger o piso, o rodapé corrige eventuais imperfeições na instalação e esconde as juntas de dilatação, melhorando o aspecto estético do piso.
São peças de madeira que variam de 5,0 a 20,0cm de altura e com espessuras entre 1,0 e 3,0cm. Podem ser confeccionados em madeira maciça ou material fibroso (MDF).
Entre as formas de fixação do rodapé, pode-se optar por adesivo e prego, ou parafuso e bucha com cavilha. O adesivo utilizado é do tipo PU ou PVA e o prego mais recomendado é o de aço, evitando que enferruje e manche o rodapé.
No caso da instalação de pisos sem verniz, o rodapé deve ser fixado após o lixamento do piso (precaução desnecessária quando se trata da instalação de pisos envernizados ou prontos).
Sempre que se optar por prego ou parafuso na fixação do rodapé é importante verificar a existência de encanamento na parede.
– Recomendações para todas as formas de fixação do piso
Devido às movimentações naturais das peças de madeira, para se acomodar ao ambiente, deve-se deixar junta de dilatação nas laterais da madeira, ou seja, vãos de 1,0 a 1,5cm de distância entre o piso e a parede, conforme a espessura do rodapé (Figura abaixo).
Ao final da colocação de todas as réguas do piso deve-se deixar o ambiente sem movimentação de pessoas ou materiais, pelo período de tempo recomendado pelo fabricante do produto de fixação (adesivo).
Antes de passar a fase de acabamento, todos os serviços de pintura de paredes, portas, janelas ou outros que impliquem em danos na superfície da madeira devem ser finalizados, deixando apenas a última demão de tinta da parede para ser feita após o acabamento do piso.
Enquanto ocorrer movimentação de profissionais para término da obra, o piso ainda bruto deve ser coberto por plástico grosso e se possível também papelão corrugado.
Para os pisos prontos, a proteção deve ser reforçada, porém deve-se deixar o mínimo de serviços de acabamento de obra para serem feitos após a instalação deste.
Riscos durante a instalação do piso de madeira
- Os fatores que contribuem para a diminuição da vida útil dos pisos são:
- O trânsito de outros profissionais (por exemplo: pedreiro, gesseiro, pintor…);
- Madeira inadequada para o uso;
- Madeira com defeitos ou atacadas (insetos, fungos);
- Madeira demasiadamente seca ou úmida;
- Excesso de umidade do contrapiso antes da instalação;
- Desconsiderar a temperatura e umidade relativa antes, durante e após a instalação;
- Defeitos de colagem (excesso de umidade, incompatibilidade do adesivo com o impermeabilizante);
- Ausência ou insuficiência de juntas de dilatação;
- Causas externas, como por exemplo infiltração.
Modelos de colocação de pisos de madeira
Existem várias formas de colocação de pisos durante sua instalação. As mais usadas estão ilustradas na Figura abaixo.
Esses modelos são utilizados quando se trabalha com pisos do tipo taco, principalmente no caso de dama ou xadrez, ou espinha de peixe.
Exemplos de arranjos para instalação de pisos de madeira.
Material retirado do Livro Guia básico para instalação de pisos de madeira (Cap.6 páginas 63 á 74)