Conforme as estações do ano são comuns comentários sobre pisos, portas e janelas que apresentam empenamentos, inchamentos, frestas, folgas e retrações. Isto é o que se chama de efeito verão/inverno. Como já mencionado, a peça de madeira pode apresentar alterações nas dimensões, conforme o clima do ambiente que a circunda. Portanto, o aparecimento de pequenas frestas entre réguas de assoalho na época seca ou o completo fechamento na época chuvosa são aceitáveis e naturais.
Na época chuvosa (normalmente no verão), a madeira adsorve água, pois o ar está com teor de umidade relativa mais alta, ocorrendo o “inchamento” do material. Na época seca (inverno), como a umidade relativa do ambiente é menor, a madeira perde umidade, ocasionando a sua retração.
A intensidade desta movimentação está relacionada diretamente com a espécie de madeira e suas características intrínsecas (elementos anatômicos, conteúdo de extrativos, densidade), com o tipo de corte da peça no perímetro do tronco (radial ou tangencial) e ainda com a sua posição na árvore (parte mais interna ou externa do tronco – na base, metade ou no topo). A Figura 06 apresenta os diferentes tipos de planos de corte da madeira e a Figura 07 ilustra as diferentes movimentações dimensionais das peças conforme sua posição no tronco da árvore.
É importante ressaltar que esta movimentação dimensional é natural. Quando a madeira é adequadamente seca e as condições climáticas ao longo do ano seguem o padrão considerado normal para a variação do clima, as alterações dimensionais são geralmente imperceptíveis.
Os problemas podem ocorrer quando as peças são instaladas com UE muito acima ou muito abaixo da faixa adequada para a localidade. Neste caso há um erro no processamento da madeira dentro da indústria e também falha do controle de qualidade antes da instalação. A movimentação dimensional excessiva pode ocorrer no caso do clima apresentar extremos de seca ou período chuvoso prolongado.
Como os pisos podem ser fabricados em muitas regiões no Brasil ou mesmo não serem adequadamente secos pela indústria, sempre se deve verificar se a umidade dos mesmos é compatível com a umidade de equilíbrio do local onde estão sendo instalados (consultar a Tabela 4). Assim, se umidade dos pisos estiver de acordo com a UE local, eles poderão ser instalados. Caso contrário, os mesmos necessitarão passar por um período de secagem e aclimatação antes da instalação. Desta forma, evitam-se problemas de variações dimensionais, como descrito anteriormente.
Adicionalmente, problemas com o aumento das dimensões das peças do piso (linchamento) ocorrem quando há o reumedecimento da madeira, como umidade ascendente do contrapiso ou do solo, vazamentos, infiltrações, falta de impermeabilização ou impermeabilização inadequada, dentre outras.
Em períodos atípicos do clima, em que a umidade relativa do ar permanece por longo período muito baixa ou muito alta, os produtos a base de madeira (mesmo secos adequadamente e submetidos a um rigoroso controle de qualidade), geralmente devem apresentar alterações dimensionais significativas, além de modificações em seus planos normais (ocorrência de empenamentos).
Neste caso, a responsabilidade do defeito não pode ser imputada ao processo de fabricação, mas às intempéries climáticas. Quando o clima se estabilizar, a madeira poderá voltar às suas condições normais, porém, se o período for extenso, poderá deixar uma sequela permanente (empenamento).
Em alguns casos, devido a essas movimentações, poderão surgir fissuras e rachaduras no acabamento. A partir da normalização das condições ambientais e após período de readaptação da umidade da madeira ao clima, todos os problemas citados podem ser removidos pelo retrabalho da superfície.
A variação dimensional da madeira ocorre por toda sua vida útil, diminuindo de intensidade ao longo do tempo, com o envelhecimento/endurecimento de suas fibras.
Parte integrante do Livro Guia básico para instalação de pisos de madeira (Cap.1 páginas: 23 á 25)